04/11/2015 10h24 - Atualizado 23/05/2017 12h23

Palestra- “Mentes totalitárias e mentes democráticas”

Por Terezinha
para IARGS
Para falar sobre o tema “Mentes totalitárias e mentes democráticas” o psiquiatra e psicanalista Marco Aurelio Crespo Albuquerque palestrou, no dia 03/11, para psicólogos e advogados, no Grupo de Estudos de Direito de Família, no Instituto dos Advogados do RS (IARGS). O especialista falou sobre como se constituem e como se manifestam ambos os estados mentais citando exemplos: a mente totalitária entende que sempre tem razão, é o dono da verdade, enquanto que a mente democrática busca questionamentos e está aberta a novas opções.
Para melhor exemplificar sua fala, citou o filme “Fahrenheit 451”, de ficção científica em um país de governo fascista no qual o prazer do conhecimento está banido de todos os setores da sociedade. De acordo com o especialista, o fascismo é um tipo de totalitarismo que busca sempre simplificar as confusões ideológicas, teológicas e culturais. Para o Dr Marco Aurélio, constitui um ataque ideológico à modernidade, ao complexo de ideias e instituições que caracterizam a civilização liberal, secular e industrial.
No seu entendimento, o genocídio é a implementação do terror nas multidões, uma espécie de permissão social para refazer o mundo de acordo com a própria visão. Exemplo: “Aqueles que não são da minha espécie não são meus semelhantes”.
Como psicanalista, enfatizou o estado de espírito que é o aval para o extermínio de seres humanos e argumentou que existe um “aspecto totalitário” em cada um de nós de acordo com um perfil psíquico reconhecível para este estado pessoal. “Existe uma visão bastante comum em psicanálise de que o sujeito é composto de várias partes de self. Estas partes correspondem ao funcionamento corrente da mente e aos diversos selfs e objetos representados no mundo interno”, salientou. 
Quando uma mente totalitária está sob pressão de um impulso especialmente intenso (como cobiça) ou uma força (como inveja) ou ansiedade (como o medo de mutilação), observou que o mundo interior da pessoa pode realmente perder sua função parlamentar e evoluir para uma ordem interna menos representativa.
Na oportunidade, ressaltou o que é a psicologia da duplicação, ou seja, a divisão do self em duas metades completas atuantes a fim de se livrar de possíveis culpas, também conhecida como consciência cindida. 
No que se refere ao comportamento maléfico de determinada pessoa, informou que normalmente é dada a desculpa de que ela é boa e gentil quando atua no que gosta, mas que, no dia a dia, é completamente diferente e, muitas vezes, autoritária. “Nesses casos se utiliza a humanidade (as partes boas do self) para desculpar o lado destrutivo do self”, informou.
Dentro das ideologias e certezas da mente totalitária, o Dr Marco Aurélio disse que existe uma ideologia que mantém sua certeza por meio da utilização de mecanismos mentais destinados a eliminar toda oposição. “Enquanto a mente totalitária reclama por explicação total e tem a tendência de separar e afastar as ideologias, com certezas absolutas, a mente democrática une e aceita as diferenças e ainda admite dúvidas. A mente totalitária possui funções patológicas da certeza”, concluiu.
A continuação desta palestra será dada em outra ocasião. Mais informações no telefone do IARGS.
Terezinha Tarcitano
Assessora de Imprensa


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