25/05/2016 13h14 - Atualizado 24/05/2017 11h03
Palestra- A publicização do privado nas redes sociais – implicações nas relações afetivas
Por Terezinha
para IARGS
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Abordando o tema “A publicização do privado nas redes sociais – implicações nas relações afetivas”, a psicóloga Sônia Sebenelo palestrou, no dia 24 de maio, para os advogados presentes ao Grupo de Estudos de Direito de Família que acontece todas as terças-feiras no IARGS. Segundo ela, a sociedade vive o que chama de “subjetivação contemporânea”, caracterizada pela dificuldade em estabelecer vínculos afetivos reais: “a maioria das pessoas vive hoje em uma individualidade narcisica, voltada somente aos próprios interesses e tornando as relações superficiais”.
De acordo com a psicóloga, o narcisismo se converteu, hoje, em um dos temas centrais da cultura contemporânea. “Cada vez mais voltados ao próprio eu, vivemos uma circularidade regida pela auto-sedução. Narciso é obcecado por si mesmo, não sonha, está afetado de narcosis, trabalha assiduamente pela liberação do próprio eu”, explicou.
Para ela, a ausência de interesse coletivo e de solidariedade tem sido traços marcantes na atualidade, levando em consideração sua experiência na clinica e em suas pesquisas sobre o tema, bem como as discussões atuais sobre a contemporaneidade. “As implicações disso afetam e prejudicam diretamente as relações afetivas, que demandam interesse pelo outro e a possibilidade de empatia, características estas que se encontram em desuso”, destacou.
Na avalição de Sônia, as pessoas, viciadas nas redes sociais, encontram-se obcecadas pelas relações online por meio de amigos e relacionamentos virtuais, além do sexo também virtual. “As intimidades são compartilhadas através de múltiplas conexões e redes sociais. Controla-se o número de curtidas em postagens no Facebook como representação de inclusão e prestígio”, alertou.
Dessa forma, disse, não prezam mais pela privacidade. “Antes, a vida íntima era revelada somente no confessionário; agora é pública”, observou. Na opinião da Dra Sônia, tendo as pessoas perdido a sua privacidade, acabam se tornando mais ansiosas. “O valor não está mais nos vínculos verdadeiros, e sim em uma notoriedade por meio dos likes (curtidas) nas mídias sociais, além da satisfação fictícia pelo número de seguidores”, acentuou, acrescentando ser esta prática uma inversão de valores, desprestigiando a proximidade e a interação, que, enfim, mesmo com as vicissitudes inerentes à interação face a face, costumam imprimir maior grau de plenitude aos laços sociais e afetivos.
Terezinha Tarcitano
Assessora de Imprensa